A Segunda Guerra Árabe-Israelense

GEOM UFU
12 min readDec 1, 2021

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“A existência de Israel é um erro que deve ser retificado. Essa é nossa oportunidade para destruir a desonra que está conosco desde 1948. Nossa meta é clara — arrancar Israel do mapa.”

(tradução minha)

Presidente iraquiano Abdul Rahman Arif em 31 de Maio de 1967 (disponível na obra The Middle East Riddle: A Study of the Middle East Peace Process and Israeli-Arab Relations in Changing Times (2021), de Luis Fleischman)

Obviamente, a Segunda Guerra Árabe-Israelense é consequência direta da que ocorreu em 1948. A vitória israelense não só havia confirmado que o novo Estado veio para ficar, como também a fuga de palestinos para os países árabes criou um novo grupo de pressão que sempre aumentava as chances de conflito. Para adicionar mais gasolina à mistura volátil da época, uma série de golpes de Estado nos países vizinhos a Israel, no início da década de 50, retirou do poder as antigas monarquias conservadoras e colocou uma nova geração de líderes, muito mais nacionalistas e pan-arabistas que os antigos. A situação permaneceria assim, sempre um passo à beira do abismo da crise geral, até que, em 1967, todos dariam um passo à frente.

Território do Estado de Israel após a Guerra de Independência.

Após o episódio ocorrido em Suez, em 1956, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser passou a ser a figura preponderante no Oriente Médio. Embora não tenha conseguido criar seu sonho de uma única nação árabe em toda a região, saíra mais forte de seu confronto com Inglaterra, França e Israel, a despeito da derrota militar: Nasser agora era inspiração para quase todo líder populista do Terceiro Mundo. Sua maior aproximação da URSS, formulando o que seria conhecido como “socialismo árabe”, aumentou o tom de sua retórica pan-arábica contra o domínio ocidental na região, identificado pela pura existência do Estado de Israel, a quem chamava “vanguarda do imperialismo”. O presidente egípcio se tornou cada vez mais desconfiado de que, a qualquer momento, outra “conspiração imperialista” pudesse se virar contra sua liderança na região, apreensão que, dada às experiências históricas da Guerra Fria nos países da periferia mundial, não era de toda equivocada. Para contrapor essa visão, passou a apoiar cada vez mais a solidariedade e coesão das nações árabes, aumentando seu tom contra todas as ações israelenses, principalmente as incursões que eram feitas para atacar palestinos nos Estados próximos, como retaliação aos atos de sabotagem em território israelense.

Durante o Maio e Junho de 1967, a retórica do Coronel contra seu nêmesis se tornou mais violenta. Nasser ordenou a retirada das tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) que estavam estacionadas na região fronteiriça entre Egito e Israel para evitar confrontações após Suez. Não sendo o suficiente, resolveu então fechar o Estreito de Tiran, uma área de enorme importância para os israelenses porque dá aos navios grandes acesso aos portos do país pelo Mar Vermelho, isto é, ele bloqueou o acesso do país a certos tipos de bens. Quase no início de Junho, Nasser colocou seus tanques na região próxima da fronteira e, para aumentar mais o clima de segurança, assinou tratados de defesa recíproca com outros países árabes.

Estreito de Tiran, que permite, pelo Golfo de Aqaba, a chegada de navios na porção sul de Israel.

“A existência de Israel é em si uma agressão… o que ocorreu em 1948 foi uma agressão — uma agressão contra o povo palestino.”

(tradução minha)

Presidente egípcio Gamal Abdel Nasser (disponível na obra de James Gelvin referenciada abaixo)

O principal aliado de Nasser se encontrava na Síria. Desde o início da década de 60, os sírios estavam em escalada crescente de choques contra os israelenses, pelo controle das Colinas de Golã. A região, localizada em alta altitude, é onde se encontra a importante nascente do Rio Jordão, fundamental para o abastecimento de áreas na região, visto o clima desértico. Nesse sentido, tal território sírio era de importante valor para Israel e, conforme os conflitos entre os dois países aumentavam, maior as ameaças de que os israelenses ficariam sem uma de suas principais fontes de água.

“É o dever de todos nós agora nos movermos de posições defensivas para ofensivas e entrar na batalha para liberar a terra usurpada… Todos devem encarar o teste e entrar na batalha até o fim.”

(tradução minha)

Presidente sírio Nureddin al-Atassi (disponível na obra de James Gelvin referenciada abaixo)

O principal intuito das ações de Nasser era aumentar a moral árabe e mostrar para os judeus que a correlação de forças entre eles e os árabes haviam mudado desde 1948, mas todas as suas ações só deixaram os israelenses cada vez mais preocupados de que algo maior poderia estar por vir. Muito se discute se Nasser realmente sabia o “ninho de vespa” com o qual estava mexendo. Israel considerava a parte fechada do Mar Vermelho como águas internacionais e, por isso, a passagem de quaisquer navios, de quaisquer nações, deveria ser permitida em tempos de guerra e de paz. Seu fechamento era como uma declaração de guerra. Era motivo mais que suficiente para Israel não ficar de braços cruzados esperando.

[Israel não iniciará hostilidades], “até que ou a menos que as tropas egípcias fechem os Estreitos de Tiran para a livre navegação de Israel.”

(tradução minha)

Primeiro Ministro israelenses Levi Eshkol em mensagem ao presidente francês Charles de Gaulle (Disponível em: https://lessons.myjli.com/survival/index.php/2017/03/20/6-days-war-crucial-quotes/#:~:text=until%20or%20unless%20(Egyptian%20forces,to%20France's%20President%20de%20Gaulle.)

Em 5 de Junho de 1967, os israelenses lançaram um ataque preventivo contra Egito, Síria e Jordânia, acreditando que era melhor atacar do que esperar uma ofensiva coordenada árabe. Começava a Segunda Guerra Árabe-Israelense, popularmente conhecida como Guerra dos Seis Dias. De surpresa, a força aérea israelense invadiu o Egito e bombardeou uma quantidade considerável de aeroportos do país, impedindo o emprego rápido de aviões para o lado árabe. Pegos de surpresa, os líderes do outro lado não souberam como reagir, pois realmente achavam que, daquela vez, conseguiriam a vitória, fruto da interpretação incorreta de que haviam virado a balança de poder no Oriente Médio a seu favor, tornando-se mais forte que sua contraparte judaica. No espaço de meros seis dias, Israel havia aumentado seu território em seiscentos por cento, liquidado todo prestígio que Gamal Abdel Nasser tinha mundialmente e, junto, qualquer sonho do pan-arabismo.

No campo das duas superpotências da Guerra Fria, a Segunda Guerra Árabe-Israelense logrou consequências para ambos os lados. A maior parte dos Estados árabes alegaram que os Estados Unidos interferiram na guerra ao lado dos israelenses e, como represália, cortaram laços formais com Washington. Já os russos, em solidariedade a seus aliados árabes, cortaram todos os laços com o Estado de Israel que, em 1948, ajudaram a criar. Após o conflito, os estadunidenses começaram a ver os israelenses cada vez mais com bons olhos, o que fez com que o relacionamento entre eles se tornasse cada vez mais próximo com o passar dos anos.

Em um século marcado por duas guerras mundiais e uma latente balança nuclear, pode-se perceber o quão humilhante foi para 3 países juntos perderem, em apenas 6 dias, um confronto contra apenas um menor. Mas Israel não apenas humilhou seus adversários militarmente, também impôs perdas territoriais gigantes para cada um deles. Dos egípcios, anexou a Península do Sinai, à sudoeste, e a Faixa de Gaza, região na qual vivia um contingente considerável de refugiados da Guerra de 1948. Dos sírios, ocupou a disputada região das Colinas de Golã, na nascente do Rio Jordão, assegurando um regular e seguro suprimento de água para a população israelense em uma área consideravelmente desértica. Dos jordanianos, foi tomada a Cisjordânia, região onde não só existiam milhares de palestinos também expulsos na Primeira Guerra, mas também a outra metade da cidade sagrada de Jerusalém. O Estado de Israel, indo contra todas as recomendações da Resolução 181 das Nações Unidas, segundo a qual a cidade deveria permanecer sob controle internacional, integrou-a a seu território e a decretou sua capital “eterna e indivisível”.

Território de Israel após 1967. Em azul o território antes do conflito e, em rosa, as áreas anexadas.

Obviamente, quando seu maior rival vence em menos de uma semana e no processo aumenta seu território em 6 vezes, as condições de negociação mudam. O contorno da disputa havia mudado: da briga pelo direito à autodeterminação palestina que causara o confronto de 1948, para um contexto em que os palestinos foram deixados em segundo plano e a principal meta passou a ser reaver os territórios perdidos. A partir dali, não dava mais para negar que Israel era um problema concreto e que, querendo ou não, agora dispunha de preciosas peças de barganhas para qualquer tentativa de negociação que se tentasse iniciar. Os Estados árabes estavam numa encruzilhada, visto que suas opções eram agradar a minoria palestina vivendo em seus territórios ou tentar negociar a devolução de suas áreas anexadas pelos judeus.

Para os refugiados palestinos, o golpe foi muito duro. Não só ainda não tinham um país para chamar de “seu”, como também deixaram de estar sob domínio dos países árabes, o que já não era muito bom, e passaram para as mãos de deus principais rivais, a quem culpavam por todo sofrimento pelo qual passavam. Foi nesse contexto que o nacionalismo palestino se radicalizou ainda mais: até então a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criada para representar seu povo, estava sob domínio de fantoches de Nasser, que queria manter os palestinos sob sua tutela, como parte da ideia que ele mesmo tinha de si como líder dos árabes. A partir de 1967, como resultado da guerra, o grupo Fatah, sob liderança do icônico Yasser Arafat (o equivalente palestino de Theodor Herzl), passaria a dominar a OLP, rearticulando a postura do movimento: não mais seriam passivos esperando que os outros países árabes lutassem por eles. A independência da Palestina e o fim de Israel teriam que vir das mãos dos próprios palestinos e, de preferência, pela luta armada de guerrilha, tática muito empregada na época por movimentos de “Libertação Nacional”.

Yasser Arafat, a maior figura história do nacionalismo palestino.

“Nós não devemos parar nunca, até podermos voltar para casa e Israel esteja destruído… O objetivo de nossa luta é o fim de Israel, e não pode haver compromissos ou mediações… o objetivo dessa violência é a eliminação do Sionismo da Palestina em todos os seus aspectos políticos, econômicos e militares… Nós não queremos a paz, queremos vitória. Paz para nós significa a destruição israelense e nada mais.”

(tradução minha)

Yasser Arafat, presidente da Organização para Libertação da Palestina (disponível na obra de James Gelvin referenciada abaixo)

A principal importância das alterações geradas com a Guerra estaria na criação, pelas Nações Unidas, do documento que seria base para qualquer discussão de paz entre os israelenses e seus vizinhos árabes, como os Acordos de Camp David em 1978. A chamada Resolução 242, forjada em Novembro de 67, criou o que ficou internacionalmente conhecido e endossado como fórmula da “troca da terra pela paz”: basicamente, um lado deveria aceitar a existência de Israel para que este devolvesse os territórios. Entretanto, a construção da Resolução não é perfeita: o documento, na realidade, foi gerado com ambiguidades propositais que forçassem os dois lados a sentarem e a dialogarem, causando discussões que existem até hoje.

Pelo lado israelense, pede a “retirada das tropas dos territórios ocupados durante o conflito recente”. Os árabes interpretam isso como condição sine qua non para a paz: Israel deveria retirar suas forças de TODOS os territórios ocupados; já os vencedores argumentam que em nenhum momento a resolução diz que a totalidade das terras deve ser devolvida, nem que tem que vir antes do reconhecimento da existência do país. Dessa forma, argumentam que o que deveria ser feito era uma devolução gradual, conforme cada país atingisse a paz com o Estado judeu, como ocorreria no futuro com o Egito. No que concerne às obrigações árabes, estes deveriam “terminar todos os Estados de beligerância e reconhecer a independência política, integridade territorial e soberania de todos os Estados na área”. Argumentam os perdedores que isso não quer dizer em nenhum momento paz definitiva mediante tratados com seus rivais e que isso só aconteceria após a devolução das áreas perdidas. Naturalmente, Israel declara o contrário: essa é a condição inicial para as conversas e, após isso, pode-se pensar na retirada.

Fac-símile da Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU

Entretanto, haveria uma pedra bem grande no caminho de implementação da Resolução 242. Logo após a Guerra, em setembro de 1967, os líderes das nações árabes, tanto as diretamente derrotadas, como de outras que não haviam se envolvido, reuniram-se no Sudão para determinar aquela que seria a estratégia pan-árabe após o conflito. Chamada de “Três Nãos”, essa ideologia pregava a não paz com Israel, não reconhecimento de Israel e não negociação com Israel. A partir desse momento, essas nações se recusariam a estabelecer negociações bilaterais com os israelenses, confiando em potências estrangeiras para mediar qualquer conversa que fosse existir no futuro. A Conferência de Cartum foi fundamental para a hegemonia norte-americana enquanto mediadora na região: como a URSS tinha rompido laços diplomáticos com os israelenses, em solidariedade com os árabes, todas as conversas de paz passariam pelas mãos dos Estados Unidos, única superpotência que mantinha contatos com ambos os lados.

Certamente, como os textos anteriores demonstram, a história entre árabes e israelenses é envolvida por decisões controversas dos dois lados. Como resposta à agressão árabe e para tornar os territórios ocupados ainda mais valiosos, Israel começou a construir assentamentos populacionais na Cisjordânia, nas Colinas de Golã e na Faixa de Gaza, como forma de ocupar tais regiões com moradores judeus e torná-las dependentes da logística do país. A maior parte dos moradores dos assentamentos criariam um lobby político extramente religioso, muitas vezes usado como fonte eleitoral de partidos de direita e extrema-direita, contrários à existência do Estado palestino. As construções de casa e transferência populacional são uma violação direta do Direito Internacional, segundo o qual “um poder ocupante não deve depositar ou transferir partes de sua própria população civil para territórios que ocupa”. Entretanto, isso não impediu que se levasse à frente o projeto de assentamentos, que segue até hoje e complica, e muito, a paz.

Conjunto habitacional em um dos assentamentos judaicos em Jerusalém.

Ainda que tenha saído da Guerra em frangalhos, nem o seu ego e muito menos sua retórica permitiram a Nasser admitir as perdas territoriais. Ao longo do resto de seu governo, entre 1968 e 1970, as forças dos dois países continuariam se enfrentando nas regiões da fronteira, mas nenhuma com capacidade de subjugar a outra. O principal personagem de duas décadas de crise no Oriente Médio morreria em 1970; no mesmo ano, ascenderia Anwar al-Sadat, integrante do Movimento dos Oficiais Livres, assim como Nasser, à presidência egípcia. Sadat seria a principal figura da década de 70 no que tangia ao, naquela altura, longo e desgastante processo de intrigas entre israelenses e árabes.

Após a esmagadora vitória, os israelenses achavam que finalmente tinham vencido a disputa: essa crença ganharia força com a “Teoria da Dissuasão ativa”, segundo a qual a capacidade militar claramente superior de Israel impediria qualquer ataque de seus vizinhos. Entretanto, a verdade não era bem essa: em Setembro de 1973, no dia de uma das datas mais importantes para a religião judaica, o feriado do Yom Kippur (Dia do Perdão), tropas egípcias e sírias, com o objetivo de reaver seus territórios e forçar uma negociação, se engajaram em uma ofensiva, pegando todos de surpresa. Começava assim a Terceira Guerra Árabe-Israelense, ou Guerra do Yom Kippur.

Anwar al-Sadat, líder egípcio na Guerra de 1973, à esquerda de Gamal Abdel Nasser, líder egípcio na Guerra de 1967.

FONTE DAS IMAGENS (ordem de aparição):

Território do Estado de Israel após a Guerra de Independência: https://www.jewishvirtuallibrary.org/map-of-israel-s-pre-1967-borders

Estreito de Tiran, que permite, pelo Golfo de Aqaba, a chegada de navios na porção sul de Israel: https://br.123rf.com/photo_80638441_mapa-pol%C3%ADtico-do-estreito-de-tiran-uma-estreita-passagem-do-mar-entre-o-sinai-e-as-pen%C3%ADnsulas-%C3%A1rabes.html

Território de Israel após 1967. Em azul o território antes do conflito e, em rosa, as áreas anexadas: https://www.palestineportal.org/wp-content/uploads/2017/01/PASSIA_AreasisraelOccupiedAfterJune1967.gif

Yasser Arafat, a maior figura história do nacionalismo palestino: http://america.aljazeera.com/articles/2013/11/6/who-was-yasser-arafat.html

Fac-símile da Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU: https://slideplayer.com/slide/13381164/ (slide 17)

Conjunto habitacional em um dos assentamentos judaicos em Jerusalém: https://edition.cnn.com/2017/02/01/middleeast/settlements-explainer/index.html

Anwar al-Sadat, líder egípcio na Guerra de 1973, à esquerda de Gamal Abdel Nasser, líder egípcio na Guerra de 1967: https://www.quora.com/Do-Egyptians-think-the-assassination-of-Anwar-Sadat-was-justified

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Somos um Grupo de Estudos em Oriente Médio, idealizado por alunas do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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