Giro Cultural: O genocídio Armênio através das lentes

GEOM UFU
4 min readOct 11, 2021

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Autora: Maria Eduarda Costa

Filme A Promessa (2017)

Foto promocional ( Adorocinema)

Apesar do século XX ser considerado um período de revolução tecnológica,cultural e intelectual, também foi um momento que evidenciou o pior do ser humano durante as guerras, na participação de conflitos e na dizimação de vários povos. Muitos desses ocorridos são representados a partir do cinema, como é o caso do filme A Promessa (2017) que retrata a história do genocídio armênio. Na trama, acompanhamos o jovem Mikael (Oscar Isaac) sair de sua cidade natal para estudar medicina em Constantinopla,e para arcar com seus estudos promete se casar com uma jovem a fim de receber o dote. Ao chegar na capital, Mikael conhece a armênia Ana ( Charlotte Le Bon) e logo se interessa por ela, porém ela namora o fotojornalista americano Chris ( Christian Bale) que foi enviado à região para registrar os movimentos dos turcos. A história se passa em um contexto político em que o grupo denominado “Jovens Turcos” tomam o poder, e com seus ideais nacionalistas veem os armênios como inimigos e começam uma jornada de destruição a esse povo.

Quem são os armênios ?

A Armênia foi inserida pelo poderoso Império Otomano no século XVI, que incluía grande parte do sudeste da Europa, do norte da África e uma parcela do Oriente Médio, com a presença de árabes, gregos, sérvios e várias outras etnias. Porém, no século XIX, o Império começou a enfraquecer, de forma que vários povos conseguiram sua independência, com exceção dos armênios e de alguns povos árabes que permaneceram presos pela autoridade otomana. O Império passava por crises, devido ao autoritarismo e a falta de inovação que já podia ser vista na Europa.

Entretanto, o grupo denominado Comitê de Unidade e Progresso ou também chamado “Jovens Turcos” usurpou o poder e prometeu fazer mudanças que fortaleceriam o império. Apesar de os armênios terem ficado contentes com os acontecimentos, suas esperanças foram frustradas. Alguns desses jovens governavam de forma ditatorial e tinham seus próprios ideais para o futuro da Turquia. Seus planos consistiam em unir todos os turcos e expandir suas fronteiras para o leste até a Ásia Central, através do Cáucaso. Porém, o povo armênio estava no meio do território, o que impedia o grupo de alcançar seus objetivos idealizados. Além disso, os armênios não eram fiéis ao islá, o que agravava ainda mais as diferenças culturais, que foram exploradas pelo turcos como justificativa para a marginalização do povo armênio

Com a eclosão da Primeira Guerra, os Jovens Turcos se aliaram à Alemanha, o que parecia possibilitar o momento perfeito para resolver a questão dos armênios. Os turcos acusaram o povo armênio de serem simpatizantes à Rússia cristã e desarmaram cerca de quarenta mil armênios, que logo foram enviados para campos de trabalho escravo. Em seguida, houve prisões de homens em todo o país, que foram levados para os arredores das cidades e mortos a tiros. Nas vilas, muitas casas foram destituídas e o povo se viu expulso de seu lar. As pessoas foram persuadidas pela ideia de que seriam realocadas para outra terra, porém durante as caravanas de milhares de armênios, muitos guardas turcos tinham permissão de matar quem quisesse. Estima — se que o número de armênios mortos está entre 600 mil a 1,5 milhão.

Ficção VS Realidade

Apesar do foco do filme ser o triângulo amoroso, é perceptível a dor que aquele povo passou. Logo no início da trama, nota-se como diferentes povos viviam com certa harmonia dentro de um mesmo território e como as coisas foram mudando com a ascensão de um novo governo. Pessoas sendo dizimadas, perseguidas e expulsas de suas casas são elementos comuns na obra. Ao decorrer da história acompanhamos a jornada do protagonista, que vai morar com seu tio na capital para estudar medicina e conhece a jovem Ana, também de origem armênia. Apesar da jovem ter um compromisso com um fotojornalista americano e Mikael está prometido para uma jovem de sua aldeia, os dois se apaixonam. Entretanto, com a eclosão da Primeira Guerra, ele é obrigado a se alistar, porém, mesmo sendo dispensado por ser estudante ele não volta à faculdade, mas sim, é levado para um campo de trabalho escravo. Após um conflito no local de trabalho, Mikael consegue escapar e foge para a sua cidade natal, mas ao decorrer do caminho ele testemunha a destruição de vilarejos onde os armênios residiam. Paralelo à isso, o fotojornalista Chris, utiliza de seu visto de trabalho e percorre a extensão do território retratando as atrocidades cometidas pelo governo turco, além disso, ele e Ana, travam uma batalha a fim de tentar salvar os órfãos armênios.

De modo geral, o filme retrata a luta de um povo que utilizou de todos os meios possíveis, em condições desfavoráveis, para não serem silenciados.

Trailer do filme

https://youtu.be/7YDOGWFMngE

Referências

ARMENIANS in Turkey 1915–1918 1.500.000 Deaths. The History Place , [S. I] Disponível em: http://www.historyplace.com/worldhistory/genocide/armenians.htm. Acesso em: 5 out. 2021.

A PROMESSA. Adorocinema, [S. l.] , Disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-238649/. Acesso em: 5 out. 2021

CRÍTICA: A PROMESSA (THE PROMISE, 2016). CINEMAÇÃO, 28 jun. 1917. Disponível em: https://cinemacao.com/2017/05/28/critica-a-promessa-the-promise-2016/. Acesso em: 5 out. 2021.

O QUE foi o massacre de armênios que Biden definiu como ‘genocídio‘. BBC ,24 abr. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56875237. Acesso em: 4 out. 2021

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Somos um Grupo de Estudos em Oriente Médio, idealizado por alunas do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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