Autora: Mariana Jardim
A República Árabe do Egito é localizada no Norte da África e tem fronteiras com a Líbia, o Sudão, a faixa de Gaza e Israel, incluindo também a península do Sinai Asiática. O país possui dois litorais, sendo eles com o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, além de ser cruzado pelo Rio Nilo, o segundo maior rio do mundo após o Rio Amazonas. Diante disso, a área total do Egito é de 1.001.450 km2, sendo 6.000 km2 cobertos por água. O Egito é principalmente conhecido pela magnitude da civilização antiga — que se unificou por volta de 3.200 aC e teve sua última dinastia até 341 aC — responsável pelas fascinantes pirâmides e múmias, objetos de estudo da Egiptologia até a atualidade. (FACTBOOK, 2022)
O país possui uma população de 106.437.241 pessoas, das quais 95% se concentram a 20 km do Rio Nilo, classificando o Egito como o país mais habitado do mundo árabe, e o terceiro mais habitado da África. Devido à grande dependência do Rio Nilo para a agricultura e economia egípcia, áreas extensas do país permanecem demográfica e geograficamente desertas, o que cria uma realidade de grave desequilíbrio na distribuição de sua população, como pode ser observado no mapa 1. A cidade do Cairo — ou Cahera, em árabe — é a mais populosa, com cerca de 21.750 milhões de habitantes, seguida por Alexandria, com 5.484 milhões e Bur Sa’id, com 764.000. (FACTBOOK, 2022)
Mapa 1
O Egito, conhecido como Masr na língua árabe oficial do país, foi parte do Império Turco-Otomano por 4 séculos e alvo de interesse por parte de grandes potências européias por sua localização estratégica: o estreito que veio a se tornar o canal de Suez, em 1969, era um portal entre o Mediterrâneo e o Mar Arábico, e, portanto, um ponto chave na rota de comércio britânica. Diante disso, o Egito se torna cenário de uma disputa entre França e Inglaterra por hegemonia comercial e domínio das rotas para a Ásia, sendo alvo de ocupações pelas duas potências, entre as quais o Reino Unido prevaleceu até o século XX. É interessante ressaltar que o Egito possuía um governo local e autônomo, mesmo que subordinado ao Império Otomano, até 1914, quando, durante a Primeira Guerra Mundial, os movimentos independentistas ganham força e a fidelidade formal ao Império é rompida. O Reino Unido, entretanto, maneja as revoltas através da coerção violenta e consegue manter seu protetorado do Egito até 1922, ano que origina a comemoração da Independência do Egito no dia 23 de julho. (MöDERLER, 2016; ALTMAN, 2012)
A influência do Reino Unido permanece, apesar disso, até 1952. Para os movimentos de oposição, a monarquia Faruk, que reinava desde 1936, atuava em conivência aos interesses britânicos e não representava de fato a independência sonhada pelos egípcios, como a Índia e a Palestina haviam conquistado. Os Motins de Cairo acontecem em janeiro de 1952, dando início a Revolução Nasserista, e, em junho do mesmo ano, um golpe militar dá fim ao governo de Faruk e inicia o período moderno do Egito, finalmente livre da influência britânica. (SCHILLING)
A delimitação das fronteiras do Egito sofreram poucas modificações desde a divisão feita na Conferência de Berlim de 1884. O Deserto Ocidental cobre cerca de dois terços do território total do Egito, a oeste do Nilo se estendendo desde o Mar Mediterrâneo em direção ao sul até a fronteira com o Sudão. O clima árido dificulta o cultivo e a sobrevivência nesse deserto, com exceção dos oásis. Já o Deserto Oriental possui uma cadeia de montanhas escarpadas a leste, as Colinas do Mar Vermelho, que se estendem do Vale do Nilo para o leste até o Golfo de Suez e o Mar Vermelho. Mesmo cobrindo apenas cerca de 5% da área total do país, o Vale do Nilo e o Delta do Nilo são as regiões mais importantes, sendo as únicas áreas cultiváveis e sustentando cerca de 99% da população. (STRINGFIXER; CHARLES E SÁ, 2011; REPÚBLICA PORTUGUESA)
O país possuia, em 2020, um PIB de $ 1.223.040.000.000 (medido pelo valor do dólar em 1017) e um PIB per capita de US$ 12.000. A composição desse PIB se distribuia, em 2017, 54% no setor de serviços, 34,3% na indústria e 11,7% na agricultura. O turismo é uma atividade de destaque na economia do Egito, assim como a extração e exportação de petróleo. O país enfrenta problemas graves de distribuição de renda, possuindo 32,5% da população abaixo da linha de pobreza. (FACTBOOK, 2022)
O Egito passou pela ditadura Mubarak, que começou em 1981 quando Hosni Mubarak chega ao poder substituindo Anwar Sadat, assassinado após constantes “provocações” a grupos conservadores jihadistas — como a assinatura de um tratado de paz com Israel, o famoso acordo de Camp David, em 1979. Mubarak acomodou a oposição islâmica com funções no Parlamento e manejou uma relação pacífica com o Ocidente — suficiente para ganhar o relevante apoio de Israel e Estados Unidos. Mubarak, cujo governo foi marcado pela força militar, foi reeleito continuamente até alcançar 30 anos no poder, até ser derrubado em 2011 em meio a primavera Árabe. O Sociólogo Gilbert Achcar explica que as Forças Armadas são como a “Espinha Dorsal” do Egito, tendo o principal papel no Estado e na economia direta ou indiretamente desde 1950, o que atrofiou partidos políticos de importância. Já no governo de Morsi, a política externa do Egito foi alterada e a “neutralidade positiva” foi substituída por liderança e aproximação ativa com países como Palestina, China e Irã. Atualmente o país é governado por Abdel Fatah al Sisi, e atua como um mediador entre Israel e Palestina. (SILVEIRA, 2013)
A religião predominante no país é o islamismo, porém, a Igreja Ortodoxa Copta é forte no país e se acredita, por lá, que as primeiras comunidades cristãs do mundo surgiram em Alexandria, e já ocupavam áreas do atual Cairo antes da fundação da cidade no século 10 d.C. pelos muçulmanos fatímidas. Cerca de 90% dos egípcios é muçulmana, em maioria sunita, e 10% cristã. A título de curiosidade: o trânsito no Egito é caótico e intuitivo, no qual a organização se dá com base em princípios e costumes não escritos, e a cidade do Cairo possui apenas 25 semáforos! (GUIMARÃES)
Referências:
ALTMAN, Max. Hoje na História: 1882 — Reino Unido invade o Egito e dá início a 40 anos de controle. Ópera Mundi. 2012. Acesso em 19 de fev. 2022. Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/23406/hoje-na-historia-1882-reino-unido-invade-o-egito-e-da-inicio-a-40-anos-de-controle
CHARLES. Arlindo José. Sá. Lucilene Antunes Correia Marques de. Cartografia Histórica da África — Mapa cor de Rosa. 2011. Acesso em 21 de fev. 2022. Disponível em: https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/CHARLES_ARLINDO_E_SA_LUCILENE_ANTUNES.pdf
CIVITATIS. Informações sobre o Egito. Acesso em 19 de fev. 2022. Disponível em: https://www.egito.com/informacao-geral
GUIMARÃES, Marcelo. 25 curiosidades sobre o Egito que você precisa saber. 2022. Acesso em 21 de fev. 2022. Disponível em: https://aresdomundo.com/curiosidades-sobre-o-egito/
MODERLER, Catrin. 1798: Napoleão começa a campanha do Egito. 2013. Made for Minds. Acesso em 20 de fev. 2022. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/1798-napole%C3%A3o-come%C3%A7a-a-campanha-do-egito/a-324996
REPÚBLICA PORTUGUESA. Conferência de Berlim. Acesso em 21 de fev. 2022. Disponível em:
https://portaldiplomatico.mne.gov.pt/relacoesbilaterais/paises-geral/conferencia-de-berlim
SCHILLING. Voltaire. Revolução Nasserista: fúria do povo levou à independência egípcia. Acesso em 21 de fev. 2022. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/revolucao-nasserista-furia-do-povo-levou-a-independencia-egipcia,a008c3b8fa1ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
SILVEIRA, Isadora Loreto da. Mudança e continuidade na política externa egípcia : da ascensão de Hosni Mubarak à presidência à derrubada de Mohamed Morsi. 2013. Acesso em 20 de fev. 2022. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/96557
STRINGFIXER. Geografia do Egito. Acesso em 19 de fev. 2022. Disponível em: https://stringfixer.com/pt/Geography_of_Egypt
THE WORLD FACTBOOK. Egypt. Acesso em 20 de fev. 2022. Disponível em: https://www.cia.gov/the-world-factbook/countries/egypt/